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"Imposto sobre a tranquilidade": A maioria dos russos mantém parte de suas economias em dinheiro vivo.

"Imposto sobre a tranquilidade": A maioria dos russos mantém parte de suas economias em dinheiro vivo.

De acordo com uma pesquisa da Universidade Financeira do Governo da Federação Russa, mais de 80% dos cidadãos mantêm pelo menos parte de suas economias em dinheiro vivo. Essa não é uma prática ultrapassada nem demonstra falta de educação financeira, mas sim uma escolha consciente. As pessoas estão dispostas a sacrificar rendimentos, abrindo mão dos juros sobre depósitos, em prol de dois valores fundamentais: privacidade e segurança. A MK conversou com especialistas para descobrir se os russos estão fazendo a escolha certa.

A maioria dos cidadãos — mais de 80% — mantém parte de suas economias em dinheiro vivo. Os principais motivos para esse comportamento são o desejo de manter a confidencialidade ou o medo de se tornarem vítimas de fraude. Por isso, as pessoas estão dispostas a abrir mão até mesmo de altos rendimentos em depósitos.

Segundo o Banco Central, o volume de dinheiro em circulação na Rússia aumentou 1,2%, ou 230 bilhões de rublos, em 2024, o menor aumento em nove anos. Em 1º de janeiro deste ano, o volume de dinheiro em circulação atingiu 18,66 trilhões de rublos. Para comparação, no mesmo período de 2024, esse valor era de 18,03 trilhões de rublos. No entanto, pesquisas mostram que os russos não pretendem abandonar completamente o dinheiro em espécie. Como observou Svetlana Frumina, chefe interina do Departamento de Mercados Financeiros Globais e Fintech da Universidade Russa de Economia Plekhanov, em 2024 ainda havia volumes significativos de dinheiro em espécie, demonstrando a confiança contínua de parte da população em formas "tradicionais" de poupança. Existem vários motivos para manter fundos em dinheiro:

- Desconfiança nas instituições financeiras, formada sob a influência da experiência histórica de crises financeiras e casos de congelamento de ativos;

- Acesso limitado a serviços bancários em cidades pequenas;

- a capacidade de manter o anonimato e ocultar a renda;

- cobertura de seguro limitada para poupanças em depósitos, etc.

"O fato de mais de 80% dos russos ainda manterem parte de suas economias em dinheiro vivo reflete não tanto a situação econômica, mas sim a psicologia do dinheiro", continua Yulia Kuznetsova, presidente da Associação de Consultores Financeiros e de Investimento do Mercado de Ações. "As pessoas valorizam a sensação de controle e a presença física de suas economias. Em um clima de grande incerteza e sanções, muitos acreditam que 'ter dinheiro em mãos' garante estabilidade, mesmo que isso signifique perda de rendimento. Mas, de uma perspectiva financeira, isso é irracional." Com a taxa básica de juros em 16,5%, até mesmo depósitos a curto prazo geram retornos significativos, enquanto o dinheiro em espécie se desvaloriza diariamente devido à inflação. Essencialmente, quem guarda dinheiro em casa está pagando um "imposto da paz" — sacrificando renda por uma sensação de controle, acredita a especialista.

No entanto, essa abordagem também apresenta vantagens significativas. "A vantagem inegável de manter fundos em dinheiro vivo é a sua liquidez total", acredita Frumina. "O dinheiro está à disposição do proprietário e não requer acesso à infraestrutura bancária, o que significa que não é afetado por falhas tecnológicas." Além disso, a lei estipula que apenas a parcela da renda de depósitos que exceda o mínimo isento de impostos estabelecido, que em 2024 era de 210.000 rublos, é tributada, e não o valor total. Portanto, de uma perspectiva de maximização de patrimônio, optar por dinheiro vivo parece uma oportunidade perdida.

Em algumas situações, guardar fundos em papel pode de fato ajudar a manter a confidencialidade e reduzir a vulnerabilidade a certos tipos de fraude. No entanto, essa estratégia apresenta riscos e limitações significativas. Para indivíduos interessados ​​em proteger suas finanças pessoais de interferências externas — como da Receita Federal, de disputas familiares ou de conflitos corporativos — o dinheiro em espécie serve como uma forma informal de liquidez, localizada fora do alcance da vigilância digital, observou Frumina.

No entanto, existe outra perspectiva sobre o assunto. "A ilusão de privacidade é enganosa: os sistemas bancários modernos são bastante seguros, mas o dinheiro em espécie é mais frequentemente alvo de roubo, perda ou incêndio", acredita Kuznetsova. "Casos reais de fraude em contas bancárias são raros se forem observadas práticas básicas de higiene digital e os dados não forem divulgados." Existem razões práticas para optar por dinheiro em espécie em vez de uma conta bancária — receio de interrupções na internet, bloqueios ou falhas em serviços bancários móveis. Mas essa é provavelmente uma razão para diversificar ativos, e não para manter tudo "por baixo dos panos", enfatizou a consultora de investimentos.

Como observou Vladimir Chernov, analista da Freedom Finance Global, alguns idosos desconfiam dos serviços online e, em algumas regiões da Rússia, interrupções programadas da internet têm sido implementadas para aumentar a segurança. Além disso, as pessoas ainda mantêm o antigo hábito de ter uma "reserva financeira" para o caso de falhas no serviço, bloqueio de cartões ou despesas emergenciais, como tratamento médico, reparos ou viagens. Outra motivação é o trabalho informal e os pagamentos sem dinheiro em espécie, que são mais convenientes com dinheiro vivo.

No entanto, é importante não exagerar. "Do ponto de vista financeiro, trocar depósitos por dinheiro em espécie reduz os retornos, ou melhor, a sua segurança, já que a taxa de juros média dos depósitos nos grandes bancos é atualmente de 12 a 13% ao ano, enquanto o dinheiro em espécie perde poder de compra na mesma proporção com a inflação de cerca de 7%. Isso significa que as perdas reais chegam a cerca de 7% ao ano", explicou o analista.

É prudente manter uma reserva de emergência equivalente a um ou dois meses das despesas domésticas típicas de uma família. O restante do dinheiro deve ser mantido em depósitos bancários, onde é protegido pelo sistema de seguro estatal e gera rendimentos acima da inflação. Indivíduos mais conservadores podem preferir depósitos com opções de saque parcial, enquanto os mais experientes podem optar por títulos do Tesouro de curto prazo ou títulos de grandes bancos com juros anuais de 12% a 13%. Manter grandes quantias em dinheiro vivo hoje em dia é economicamente inviável e psicologicamente enganoso: a segurança não está em notas debaixo do colchão, mas sim na educação financeira e na higiene digital, observou o especialista.

mk.ru

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